Entrevista à Professora Teresa Portal

03-06-2013 10:18

Maria Teresa Portal Guimarães de Oliveira é licenciada em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e leciona nesta escola desde o ano letivo de 85/86. É coordenadora do Jornal Escolar e responsável pela sua fundação em 86/87. Dinamizou outros clubes: o Anti-Fumacinha Ataca, o PEPT 2000 (ao longo de quase dez anos), chegou a ser coordenadora da Biblioteca Escolar antes da sua entrada para a Rede de Bibliotecas Escolares. (:..)

P.J. – Como e quando surgiu o Clube de Jornalismo?

O Clube de Jornalismo surgiu um ano depois de eu ter vindo para esta escola, em 86/87. Já em 85/86, se lançou um jornal escolar, a que se deu o nome de TAIPAL, pois esta escola era C+S (ciclo preparatório mais secundária), mas como os alunos do 3º ciclo tinham participado mais na sua elaboração, deixei que levassem o nome para a escola secundária, fundada no ano seguinte, só que o colega delegado de português não se interessou e o nome acabou por desaparecer. Em 86/87, lançou-se o Clube de Jornalismo. Éramos quatro professores a ministrar um mini-curso de jornalismo aos 120 alunos que se inscreveram. Durante uns anos este Centro de Ocupação de Tempos Livres funcionou graças a um crédito horário para professores que, nessa altura, se dava aos clubes e projetos para que os alunos pudessem ocupar os seus tempos livres em atividades extracurriculares. Era preciso arranjar um nome e surgiu O PEQUENO JORNALISTA. Foram tempos muito ricos e os alunos acabavam o ano a visitar o jornal Correio do Minho, quase sempre. Depois, o Clube continuou apenas com o nome e a participação dos alunos nas várias secções, de algum modo ligadas às áreas curriculares (OPequeno Poeta, O Pequeno Autor, O Pequeno Leitor, O Pequeno Matemático, O Pequeno Cientista, O Pequeno Geógrafo, O Pequeno Desportista, O Pequeno Músico, O Pequeno Xadrezista, En Français, In English, Passatempos, e outras) motivados pelos professores ao longo dos anos. Este ano, enquanto subdiretora, não pude lecionar nenhuma turma, pelo que o clube renasceu com o nome de Oficina de Jornalismo e de Escrita Criativa e teve cerca de 30 alunos inscritos (eram 17 do 6ºA e 10 do 6ºI). Inicialmente, ainda chegou a ter 5 alunos do 6ºG, que desistiram. O núcleo duro acabou por chegar ao fim. Os alunos do 6ºI chegaram todos e os do 6ºA contaram com algumas desistências no 3º período.

P.J. – O que é, verdadeiramente, o Clube de Jornalismo?

O Clube de Jornalismo acaba por ser o jornal escolar O PEQUENO JORNALISTA que é o grande repositório de todas as atividades realizadas pela escola / agrupamento ao longo do ano. Clube a valer foi-o durante os primeiros anos, enquanto centro de atividades extracurriculares, e agora, em 2009/10, quando foram ministradas aulas de jornalismo. Os pequenos jornalistas, este ano, aprenderam a elaborar notícias e entrevistas, dois dos principais géneros jornalísticos. Nos outros anos, graças à colaboração dos coordenadores de departamento e de alguns professores, o jornal viveu da colaboração dos alunos para as diferentes secções em aulas ou em trabalhos extra-aula.

P.J. – Há quantos anos é a coordenadora do clube? Gosta do que faz?

Sou coordenadora do clube de jornalismo desde a sua fundação, fez 24 anos, embora o jornal faça 23 anos, pois o 1º número saiu em Maio de 1987, em folhas A4, impresso na escola. Tinha 48 páginas e fizeram-se três edições, pois foi um sucesso. No ano seguinte, fez-se a angariação de anúncios e a publicidade, durante anos, pagava as quatro edições/ano do jornal e ainda comprava livros que oferecia à biblioteca da escola, nessa altura também a meu cargo. Foi uma época áurea do clube. Mais tarde, as edições foram diminuídas para três e foi nessa altura que o jornal foi reconhecido nacionalmente, tendo ganho dois prémios a nível nacional no Concurso de Jornais Escolares, promovido pelo Público e pela revista Fórum Estudante e patrocinado pelo Ministério da Educação: o 2º lugar em 92/93 e o 3º prémio em 95/96. Reconhecido o valor e, porque os custos eram muito elevados, reduziu-se a edição para dois números e, mais tarde, para um número onde se procura compilar tudo quanto de importante se fez na escola/ agrupamento durante o ano. Com a criação do agrupamento, na viragem do século, foi criado o PRÁ PEQUENADA, onde se reúnem os trabalhinhos e notícias dos jardins de infância e EB1s do agrupamento.
O jornal foi a concretização de um sonho que tive desde os meus tempos de estudante. Sempre gostei muito de escrever e o jornalismo era uma das unidades didáticas que eu mais gostava de lecionar no 6º ano. Nessa altura, há trinta e tal anos, o jornalismo era dado muito a sério nesse ano de escolaridade. Depois as coisas mudaram e, hoje em dia, está um pouco espalhado por todos os anos de escolaridade do 6º ao 9º ano.

P.J. – O clube tem algum nome específico?

O Clube começou por ter o nome do jornal que publicava e assim permaneceu. Nunca mais se mudou nada, nem o facto de não ser verdadeiramente um clube, mas, como os alunos acabavam por participar de uma outra forma, a nomenclatura manteve-se. Este ano, para arejar as coisas e porque era um recomeço com jovens de onze anos, resolvi chamar ao projeto, incluído também no Projeto de Empreendedorismo da Escola, “Oficina de Jornalismo e de Escrita Criativa - O Pequeno Jornalista Online”, já que tinha dois objetivos principais: o primeiro publicar O Pequeno Jornalista Online, o que se fez em pleno, com a publicação mensal do jornal online, podendo entrar-se pelo site ou pela plataforma Moodle; o segundo era fazer uma oficina de escrita criativa que desenvolvesse nos alunos a criatividade e os preparasse para textos com mais traquejo. Este objetivo foi também completamente cumprido, pois os alunos adoraram os textos do nonsense, os acrósticos, os desafios que lhes eram lançados, mesmo sob a forma de adivinhas.

P.J. – Qual o horário de funcionamento do clube?

Este ano, o clube funcionou às Terças, às 11.45 minutos, com a turma do 6ºI e às Quartas, às 14.05 minutos, com a turma do 6ºA. Eram apenas 45 minutos por aula, mas que resultaram em pleno, tendo em vista a avaliação positiva que os alunos fizeram e que colocarei online. Para o próximo ano, vou procurar juntar os grupos e encontrar um horário compatível com todos e de preferência com um horário mais alargado. Vai ser bom para os pequenos e para mim, que adoro estar rodeada de juventude.

P.J. – Quantas pessoas fazem parte da equipa e qual a sua função?

Pelo que disse, não estou rodeada verdadeiramente por ninguém. Conto com a colaboração de alguns e com a guerra de outros desde sempre. Nunca podemos agradar a todos e há sempre quem goste de criticar pela negativa. Como já disse, chegámos a ser quatro professores a lecionar jornalismo, em tempos idos. Desde há três anos, tenho um elemento fundamental na dupla que é a professora de TIC - Sofia Carneiro que tem feito o Pequeno Jornalista no Publisher para o mandar para a gráfica e que foi a responsável pela colocação do Pequeno Jornalista Online durante o presente ano. Foi uma ajuda preciosa.
Os coordenadores de departamento acabam por pertencer à equipa, na medida em que são responsáveis pelas páginas que têm a ver com as suas áreas disciplinares.

P.J. – O clube envolve diretamente alunos?

Envolveu há muitos anos atrás em aulas de Jornalismo. Depois passou a envolver, na medida em que colaboravam com os seus trabalhinhos. Este ano, voltou a haver pequenos jornalistas com aulas a valer e com trabalhinhos a valer.

P.J. – Há temas a explorar pelo clube?

Não, não temos temas, embora os jornais online obedecessem a alguns tópicos ligados ao mês em questão: Setembro (regresso às aulas e Outono), Outubro (Hallowe’en), Novembro (Dia de S.Martinho), Dezembro (Natal, Inverno), Janeiro (Inverno, Reis), Fevereiro (S.Valentim, Carnaval), Março (Primavera), Abril (Páscoa), Maio (Europa e Planeta), Junho (Verão e Férias).

Os temas estão ligados às secções que, como já disse, estão ligadas às áreas curriculares. Contudo, há uma secção que é privilegiada no nosso jornal – o Noticiário Escolar, onde procuro noticiar tudo quanto foi feito ao longo do ano digno de nota.

P.J. – Indique algumas atividades interessantes organizadas pelo clube.

Segundo os alunos, as atividades mais interessantes foram as entrevistas. Também houve atividades em que os elementos do clube de Jornalismo foram chamados a participar: o Concurso “Faça lá um Poema” para comemorar o Dia Mundial da Poesia e o Concurso Geração Móvel, sobre os perigos da utilização da Internet. Depois, houve algumas atividades em que os pequenos jornalistas tiveram entrada privilegiada: na cozinha com mestre Lindolfo, na visita do autor Pedro Seromenho. A atividade que encerrou o ano, a visita ao Grupo Santiago, encantou os jovens jornalistas que já querem partir para voos mais altos.

P.J. – Que outras informações nos pode dar sobre o clube, acerca das quais não tenhamos feito perguntas?

O que é que vos posso dizer mais? Talvez que o jornalismo possa ser uma óptima escola para a aprendizagem do Português de uma forma lúdica. O que faz muita falta aos alunos é terem hipótese de escrever e, como ninguém olha para a escrita como um passatempo, é muito difícil que se adquiram as regras de ortografia e a pontuação. Se vierem para o clube, essa aprendizagem faz-se quase sem se dar conta, porque faz parte inerente do jornal que é escrito.
Venham para o Clube e vão ver que gostam.

P.J. – Acha que a escola deve explorar o jornalismo no contexto escolar?

A escola já explora o jornalismo em contexto escolar na disciplina de Língua Portuguesa, já que os vários géneros jornalísticos fazem parte do programa. O que não estão é muito bem definidos, nem há uma unidade didática como havia aqui há anos. O jornalismo começa com uma breve sensibilização á notícia nos 5º e 6º anos, depois passa para o 3º ciclo, onde no 7º e 8º anos se focam a entrevista, a crónica, a reportagem. O 9º ano também faz uma breve abordagem quando dá o texto utilitário.

P.J. – O jornalismo está online? Tem algum blogue ou alguma disciplina na Moodle, à qual tenhamos acesso? Qual o seu endereço?

O Clube está online, quer através do site do agrupamento com entrada direta, quer através da plataforma Moodle, entrando pelas ligações do AET. Também temos uma disciplina na plataforma com algumas coisas online, nomeadamente sobre os géneros jornalísticos, mas a que não estamos a dar muito uso. O Pequeno Jornalista Online foi o nosso menino de ouro. Também o último número do Pequeno Jornalista, o nº52 está online e pode ser aí lido.

Esta entrevista foi realizada, em junho de 2009, pelo Pequenos Jornalistas